sábado, 15 de novembro de 2008


Por vezes, adormecemos acordados. Adormecemos e os sonhos controlam-nos a mente de tal forma que ela foge. Refugia-se, indefesa, nas entranhas do cérebro, sem poder pensar no que está prestes a acontecer. Então, por intermédio de algo não premeditado e demasiado puro, o corpo reage. Impulsivamente. A realidade voa para longe, levando a mente nas suas asas. E o sonho ali fica, repousando, seguro de si mesmo, ainda com o comando do corpo. Mas o corpo não actua no sonho. Actua, sim, na realidade. Mata, tortura e arranca diabolicamente cada uma das pontes que a mente tanto lutou por construir, na realidade em que um dia reinou. Então, para o sonho, temos o objectivo atingido; para a mente, alcançamos a realidade escura e silenciosa de um vazio. E tudo porquê? Porque a mente substimou o poder dos sonhos e criou duas visões num só olhar. Mas o exterior nunca deixou de ser a realidade única.

1 comentário:

maria miguel disse...

gostei tanto, mas tanto deste texto e sinto isso tantas vezes.

beijinho *