domingo, 28 de setembro de 2014

Reflexos


Há uma cor que chama por mim do espelho.
Um reflexo que não se vê, não se cheira, não se sente.

Há um coração que não bate.
Há chuva que não cai e uma colisão sem embate.
Há gestos que não se tocam e olhares que não se trocam.

Há um laço que não aperta para não sufocar.
Há um traço que não se desenha por não saber onde começar.
Há um sonho que não cessa sem saber continuar.
Há fome e sede, vontade de alcançar.
Há desejo, amargura e um grito surdo a ecoar. Uma chama que não arde e não se quer apagar.
Há asas e penas e uma ânsia de voar. Há azul, há verde, há negro para conquistar.
Há mais e mais e não se lhe pode tocar.

Do fundo do espelho, há um reflexo a gritar.